Projeto Parcours

As ações do projeto “Parcours - Novos Olhares, Novos Percursos” são conduzidas por três eixos de objetivos: pesquisa, registro e difusão:

Ações de pesquisa: são aquelas que irão fomentar e dar suporte ao processo de investigação dos intérpretes-pesquisadores.


- Pesquisa teórica: leitura e discussão de textos que possam auxiliar na construção conceitual / ideológica de “Parcours - Novos Olhares, Novos Percursos”, que irá acontecer em conjunto com a pesquisa prática. A leitura de textos teóricos irá servir de suporte para a pesquisa prática, através de discussão de temas e transposição para a cena. Temas relativos: Parkour, pós-modernidade, arte urbana, danças urbanas, arquitetura, cultura oriental etc. Uma pesquisa prévia servirá como ponto de partida para textos e livros de interesse, que através de ramificações e cruzamento bibliográfico irão gerar outros conteúdos para a pesquisa.

- Pesquisa prática: o processo de pesquisa prática se dará com base em improvisações coletivas e individuais, através de criação e experimentação, de acordo com premissas definidas em improvisações e jogos corporais, e exploração do espaço urbano, através da movimentação e articulação dos corpos nas ruas. A pesquisa pratica irá gerar conteúdo, material coreográfico e idéias visuais que deverão ser registradas através de escrita, vídeos e fotos.

- Ciclo de aprimoramento técnico: todo o processo de pesquisa em “Parcours - Novos Olhares, Novos Percursos” será realizado concomitantemente ao trabalho de treinamento físico dos intérpretes-pesquisadores. O treinamento irá funcionar em sistema de rodízio, em que semanalmente cada dupla do coletivo se articula e assuma o treinamento. O rodízio irá capacitar o grupo em diversas possibilidades de movimento, já que o grupo é formado por artistas de diferentes formações, vivencias e técnicas corporais. Essa forma de articulação irá colaborar para a troca de competências entre os integrantes e irá capacitá-los de maneira diversa, ampliando as possibilidades de movimentações em dança contemporânea. Entre as competências presentes no grupo estão: Break Dance, Parkour, dança contemporânea, balé clássico, ginástica olímpica, teatro e educação física.

- Ciclo de oficinas temáticas: a pesquisa irá contar com a colaboração de três profissionais de renomado destaque em suas áreas de atuação e que irão ministrar oficinas para os integrantes do coletivo. Além do coletivo, serão disponibilizadas outras dez (10) vagas em cada uma das oficinas, através de análise currículo e/ou convites, possibilitando que outras pessoas tenham acesso ao conhecimento. Apesar das oficinas fazerem parte das ações de pesquisa, seu caráter de difusão se verifica na medida em que abre possibilidade de acesso para outros profissionais, difundindo conhecimento. As oficinas poderão acontecer em ordem diferente da listada abaixo, dependendo de disponibilidade dos profissionais envolvidos. Esses profissionais serão responsáveis por provocar processos e descobertas no grupo, através das suas áreas específicas de atuação, a saber:

Oficina 1: Ana Paula Baltazar - “A deriva no percurso e vice-versa: corpo, espaço e aparelhos como interfaces”

Oficina 2: Diogo Granato - “Corpo cênico: técnicas e corpos distintos na busca de um repertório pessoal do intérprete”

Oficina 3: Thomas Des’ bois - “Parkour de volta `as origens: o espírito de Lisses”

Ações de registro: são aquelas que têm como objetivo registrar e arquivar todo o processo vivenciado em “Parcours: Segunda Etapa”

- Registro videográfico / fotográfico: durante o processo o grupo irá registrar a pesquisa de movimentos, através de uma filmadora mIni-DV e uma máquina fotográfica digital que pertencem `a empresa proponente. Além de servir como arquivo, esse material será também utilizado para difusao e expandir o processo, através de sua postagens em site, estilo blog. Esse registro servirá também, na terceira etapa do projeto, para definir o que vai e o que não vai fazer parte do espetáculo, na terceira etapa do projeto, quando ele for apresentado nas ruas de Belo Horizonte.

- Painel Visual: painel em que constem referências estéticas, sugestões, fotos, matérias de jornais, textos, links para vídeos e afins para compartilhamento do grupo, que será colocado ao alcance de todos. Num segundo momento esse material deverá ser digitalizado e postado no site do grupo.

- Diário do artista: os intérpretes-pesquisadores serão convidados a registrar em um diário de trabalho pessoal todas as impressões e expectativas vivenciadas durante o processo. Esse material poderá ser transcrito e postado no site, ou poderá, na Terceira Etapa de Parcours, dar origem a publicação.

Ações de difusão: são aquelas que têm como objetivo comunicar e difundir as informações do processo de pesquisa vivenciado em “Parcours: Segunda Etapa”

- Site estilo blog: manutenção de site, em estilo blog, que será utilizado para divulgação e disseminação do processo, do ponto de vista de pesquisa e produção. Seu formato estilo blog irá proporcionar que ele funcione como um fórum virtual, em que os integrantes do coletivo e quaisquer outros interessados possam postar e discutir temas relacionados com a pesquisa. O site servirá também como vitrine e canal de discussão com grupos que desenvolvam trabalhos semelhantes em outras regiões do pais e do mundo, criando uma rede de trocas. Além disso, os integrantes do grupo e os colaboradores serão convidados a registrar textos teóricos, transcrição de treinos, propostas de improvisação e impressões no site.

- Informativo: pequeno jornal eletrônico com peridiocidade mensal que será encaminhado para no mínimo 3 mil endereços de e-mail. Durante o processo quatro informativos serão realizados, com o objetivo de divulgar o processo de trabalho, as oficinas vivenciadas, entre outros.

- Demonstração prática: ao final do processo, o coletivo irá realizar uma demonstração prática da pesquisa realizada, apresentando pequenos fragmentos de materiais coreográficos, em local público de Belo Horizonte, a ser escolhido durante a pesquisa. Essa demonstração será divulgada para público interessado e será seguida de debate sobre o processo. A demonstração também será objeto de registro em foto e vídeo e anexada ao material de arquivo e divulgada no site.

O grupo irá articular a pesquisa com base nos preceitos do processo de trabalho colaborativo, em que todo o conhecimento é construído conjuntamente e negociado, através de um fluxo de comunicação em duas vias e contínuo. Poderá funcionar de maneira unidirecional, isto é, quando alguém do grupo irá assumir um papel de expertise, explicando e direcionando determinadas idéias ao coletivo, e em outros momentos é multidirecional, quando os membros do grupo buscam alternativas e tomam decisões conjuntamente. Na cooperação se produzem consultas sobre o feito de cada um e a colaboração vai se fazendo conjuntamente. O trabalho colaborativo irá exigir e aperfeiçoar os integrantes em habilidades comunicativas e técnicas inter-pessoais; colaborar para criação de relações simétricas e recíprocas; e irá desenvolver capacidades de compartilhamento de resoluções de tarefas, através da divisão de responsabilidades para o alcance do êxito do grupo.

Concebida desta maneira a atividade colaborativa pode converter-se em poderoso recurso metodológico para a implementação da pesquisa em Parcous. Para o êxito da metodologia de trabalho três quesitos são fundamentais:

- Articulação: refere-se à necessidade do sujeito de organizar, justificar e declarar suas idéias para todo o grupo, e ser adequadamente interpretado e compreendido pelo coletivo.

- Capacidade de resolução de conflitos: relaciona-se mais aos desacordos entre os participantes, que provocam variados movimentos discursivos e múltiplas negociações, solicitando esforços do coletivo para gerenciá-los.

- Co-construção: capacidade do grupo em aprender cooperativamente, para a gênese e desenvolvimento de uma cognição socialmente compartilhada.

Objetivo Geral

Dar suporte e continuidade `a pesquisa e investigação em dança contemporânea, baseada na técnica e filosofia urbana denominada Parkour, de origem francesa, de criação de David Belle, na década de 80.

Objetivos específicos

- Dar suporte e fomentar o processo de pesquisa de fusão de linguagens entre a dança contemporânea, o Parkour e outras técnicas corporais urbanas, como o break dance;

- Registrar, arquivar, comunicar e difundir as informações coletadas durante o processo de pesquisa realizado pelo coletivo de intérpretes-pesquisadores;

- Intercambiar metodologias de trabalho para potencializar o desenvolvimento de processos criativos e de investigação em dança contemporânea;

- Habilitar e/ou aperfeiçoar as capacidades comunicativas dos integrantes do coletivo, capacitando-os para organizar, justificar e declarar suas idéias para todo o grupo, colaborando para criação de relações simétricas e recíprocas, através de processo colaborativo de pesquisa;

- Criar possibilidade de co-construção, capacitando os integrantes do coletivo em aprender cooperativamente,
através de cognição socialmente compartilhada;

- Fomentar o intercambiamento de competências entre os integrantes do grupo, através da troca de informações
de natureza técnica e teórica;

- Capacitar física e tecnicamente os intérpretes-criadores na atividade Parkour;

- Diminuir o distanciamento entre público e a dança contemporânea, através da apropriação da técnica de uma atividade urbana de forte interesse popular, como é o caso do Parkour, abrindo oportunidade para novos canais de reverberação da arte;

- Deslocar a Parkour para o campo da arte, valorizando e dando visibilidade a uma atividade cujo único instrumento é o corpo;

- Incorporar os fundamentos filosóficos e físicos do Parkour, resgatando os movimentos naturais e orgânicos, ampliando limites de forma lúdica, mas respeitando o corpo em direção ao seu desenvolvimento;

- Abrir novas possibilidades de movimentos para a dança, inspirados no Parkour;
Provocar o interesse pela ocupação e exploração dos espaços urbanos, colaborando para a melhor utilização dos ambientes públicos e para sua utilização compartilhada pela população;

- Sugerir uma “volta `as ruas”, como possibilidade de lazer e divertimento, colaborando para a diminuição da violência em espaços atualmente desocupados;

- Desenvolver capacidades de compartilhamento de tarefas e resolução de conflitos, através da divisão de responsabilidades e negociações, para o alcance do êxito do grupo.

Como desdobramento do processo vivenciado no espetáculo “Parcours”, a equipe irá continuar e avançar com a pesquisa de movimentações coreográficas inspiradas na técnica urbana Parkour, mas agora tendo como foco as ruas das grandes cidades, em especial Belo Horizonte, fazendo a técnica retornar para o seu lugar de direito, seu ponto de origem.

“Parcours: Novos Olhares, Novos Percursos” teve início em janeiro de 2008, e terá duração de 4 meses e inclui pesquisa teórico-prática, três oficinas de capacitação profissional, registro fotográfico e videográfico do processo de pesquisa, manutenção do blog, diário de artista, informativo on-line, entre outras ações. Seu objetivo principal é dar suporte ao trabalho dosintérpretes, através de um laboratório de pesquisa, de criação coletiva e discussões conceituais sobre a relação entre corpo e espaço, pautados pela possibilidade de intervenções urbanas como o Parkour. Nessa segunda fase retornaremos `as ruas, para explorar, intervir e ocupar espaços públicos da cidade, que irão gerar material para a terceira etapa do projeto.

O projeto Parcours está em desenvolvimento desde maio de 2007 e teve como ponto de partida o Prêmio Estímulo `as Artes, da Fundação Clóvis Salgado, através de proposta premiada de montagem de espetáculo de dança, que propunha a transposição da técnica Parkour para a caixa cênica, mais especificamente o espaço do Galpão Cine Horto, com estréia prevista para outubro de 2007, em Belo Horizonte.

Projeto Parcours se divide nas seguintes fases:

- “Parcours”: espetáculo que realiza diálogo entre dança contemporânea e Parkour, que teve sua estréia em outubro de 2007, no Galpão Cine Horto, em Belo Horizonte;

- “Parcours - Novos Olhares, Novos Percursos”: segunda-fase do projeto Parcours vencedor do Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna que propõe continuidade da pesquisa entre dança contemporânea e Parkour, mas agora com foco nas ruas da cidade de Belo Horizonte;

- “Parcours - Percursos pelas Ruas”: terceira etapa do projeto, que pretende realizar espetáculo de dança, para ser apresentando em ruas e praças públicas, aproveitando o mobiliário urbano de cada cidade visitada, com previsão de realização em 2009.

- Prêmio Estímulo `as Artes, categoria dança, da Fundação Clóvis Salgado e Governo de Minas, em 2007;

- Prêmio Funarte Klauss Vianna de Dança, em 2007.

“Uma das encenações mais ágeis e acrobáticas a que Belo Horizonte já assistiu. (…) Com o jeito lúdico que se espera de apresentações de dança para o público leigo, Parcours tem boas chances de fazer carreira longa.”

Marcelo Castilho Avelar / Jornal Estado de Minas