A dança contemporânea tem muito a apropriar do Parkour, uma atividade que busca um corpo livre, lúdico, que corre, salta, escala, pendura-se, equilibra-se, desenvolvendo autoconfiança, sendo capaz de sobrepor e de subjugar obstáculos, com movimentos de rara beleza estética.

Mas não é só a estética que interessa a “Parcours”. A dança contemporânea quer do Parkour o olhar que vai além do movimento e da performance por si mesma, a busca por um corpo que conhece e respeita seus próprios limites, que antes de competir, quer mais é compartilhar, que em lugar de submeter a natureza e o meio-ambiente, transforma-os em aliados. Quer compreender a dinâmica desses corpos que exercitam uma relação aberta e respeitosa com o outro, consigo próprio e o meio-ambiente. Corpos com um olhar aberto, criativo, em busca do novo. Corpos que se conectam com o mundo, reinterpretando-o, no sentido de valorizar a própria cidade, sua arquitetura e sua história. Corpos que desafiam as leis da gravidade e o centro do corpo, que constroem constantemente valores e sentidos, que buscam a criança interior. Do Parkour se quer também a filosofia, a disciplina, a capacidade de levar o corpo a fazer o movimento que quer, imaginando quais músculos deverão ser acionados, que respiração se deve fazer para ultrapassar determinado obstáculo.

Através do cruzamento, da fusão e da integração de distintas informações, linguagens e corpos, o espetáculo “Parcours” pretende trazer à tona algo novo, inusitado, diverso e único. “Parcours” será fruto das relações estabelecidas entre as duas técnicas, que interligadas, irão promover uma expansão de conceitos da dança contemporânea e do Parkour.

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